Em 2017 quando voltávamos do Vietname, lembro-me que vinha no avião a pensar que por um tempo, a Asia teria que ficar em pausa. Que seguramente, nos próximos anos não seria o destino eleito, que já tínhamos visitado metade do sudeste asiático e que por motivos óbvios gostaríamos de começar a descobrir outras partes do mundo; ainda que nos falte tanto, mas tanto por ver, nesses mesmos países que já tivemos a sorte de conhecer.
Mas como a vida dá muitas voltas, depois de muito ponderar e fazer contas à vida, resolvemos, contra todos os prognósticos, apanhar um avião e voltar este ano.
O mesmo amigo que visitámos em 2014, como conto NESTE POST, casou em Outubro e esse foi o motivo que nos fez regressar à Ilha dos Deuses.
Regressar a Bali foi maravilhoso, mas já vos contarei tudo num próximo post. Hoje escrevo sobre Yogyakarta, uma cidade cheia de encantos na vizinha ilha de Java.
Java é uma grande ilha ao lado de Bali, onde fica a capital da Indonésia, Jakarta.
Apesar de eu ser uma pessoa de cidades, na Asia não é o que mais me atrai. Aquele caos frenético só tem piada durante um curto espaço de tempo, depois disso… satura e pode até levar-nos à loucura. Por isso, decidimos não ir a Jakarta e sinceramente não me desperta demasiada curiosidade.
Yogyakarta é uma cidade “pequena” que destacou no mapa, principalmente pelos seus dois famosos templos: Prambanam e Borobudur.
Tem mais algumas particularidades diferentes de outras cidades, como por exemplo, o facto de que tem um governo próprio, porque em Yogyakarta reina um Sultão. Ou também o seu grande legado histórico e cultural, onde ainda hoje se conservam tradições como a do batik, uma famosa e antiga técnica para tingir tecidos, ou o artesanato manual de marionetas feitas em pele de búfalo.
Esta cidade tem uma mistura perfeita entre o tradicional e o moderno, com uma população bastante jovem e um dos centros universitários mais importantes do país.
Depois de ler alguns blogs de outros viajantes que já tinham passado por aqui, percebemos que há duas zonas centrais de mochileiros, nós decidimos ficar alojados no bairro de Prawirotaman, no Hotel Aloha. Pareceu-nos uma boa escolha, porque é uma zona bastante central, mas sem o rebuliço de Malioboro (a zona do mercado); com muitos restaurantes, algumas lojas e relativamente perto de tudo o que nos poderia interessar na cidade. Além disso, o hotel, que nos custou 36€ (2 noites), tinha boas críticas e organizava as visitas aos templos fora da cidade. Quando se tem pouco tempo, é melhor garantir que conseguimos ver aquilo a que nos propomos.
O alojamento não nos defraudou, um hotel simples, com quartos pequenos mas sempre limpos, um pequeno-almoço impecável e uma atenção detalhista. Por duas noites, eu voltaria a ficar aqui. Pertinho do hotel está um restaurante-loja de comércio justo, que se chama Via Via, com um menu delicioso e uma boa onda bem ao estilo asiático.
Mas voltando ao que nos levou a Yogyakarta, visitar dois dos ‘supostamente’ mais importantes templos da Asia.
Começo pelo de Prambanan… o que escrever sobre este complexo de cerca de 200 templos hindús (bastante mal conservados), dedicados à Expressão de Deus como Criador (Brahama), ao Preservador (Visnú) e ao Destruidor (Shiva); que foi declarado Património da Humanidade pela Unesco em 1991… pois o primeiro que posso dizer é que na verdade não adorei, não me emocionou.
Para quem já visitou os Templos de Angkor, no Camboja, estes templos não são lá muito impressionantes e muito menos impactantes. E para quem não visitou… na verdade também não acredito que seja algo imprescindível, numa viagem à Indonésia, ainda mais porque a entrada custa cerca de 22€ por pessoa.
Antes de visitarmos este templo, li em vários sítios, que valia muito a pena e que era lindíssimo, mas sinceramente a mim não me pareceu.
O mesmo não posso dizer de Borobudur, o maior Templo Budista do Mundo e um dos lugares mais bonitos onde já estive. Fomos ver este templo ao amanhecer, e mesmo que estivesse tão povoado como as Ramblas a um sábado à tarde, foi surpreendentemente possível sentir aquela energia indescritível, da perfeita comunhão entre a natureza e a obra do homem.
No maior país muçulmano do mundo, encontrar o maior templo budista, num estado de conservação e cuidado exemplares, é de lhes tirar o chapéu. Perdida no meio da floresta, uma pirâmide de campanas de pedra, por onde podemos circular horas sem nunca nos sentirmos perdidos, e sempre com aquela leveza inexplicável dos lugares supostamente sagrados. Este sim, é um daqueles sítios que recomendo a quem andar por aquela zona do mundo.
No mesmo dia que fomos visitar Borobudur, visitámos por nossa própria conta a Chicken-Church. Um lugar de culto para todas as religiões, onde qualquer pessoa independentemente do seu credo ou fé, pode rezar ou meditar livremente. Este é um daqueles lugares perdidos, que se os nossos amigos que vivem em Bali, não nos tivessem aconselhado, dificilmente iriamos procurar como chegar ali.
Mas como as dicas de quem sabe mais que nós, são sempre para ter em conta, lá fomos desbravar a selva javanesa e conseguimos encontrar o tão curioso e peculiar ‘monumento’.
Dois dias inteiros em Yogyakarta foram suficientes para sentir as vibes da cidade. Como visitámos os templos durante meio dia, tivemos o resto do tempo para explorar e perder-nos pelas ruas.
Yogy (como carinhosamente chamam à cidade os seus habitantes) pareceu-me uma mistura de Chiang Mai na Tailandia e Panaji na India. Edifícios com um ligeiro requinte colonial, bairros inteiros de casas baixinhas coloridas, com árvores majestosas a decorar as grandes avenidas.
Para mim, mais do que visitar uma nova cidade e conhecer os templos, estar em Yogyakarta deu-me uma nova perceção da Indonésia, da sua cultura, das suas gentes. Bali não é uma referência exacta do país, é uma ilha totalmente diferente de todas as outras. E por isso foi tão bom sair um bocadinho do paraíso da Ilha dos Deuses e ver algo mais, do que este grande país tem para oferecer.
belas fotos 🙂 PedroL
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Gracias! 😃😉
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