[10] Paternidade

10 meses com o Tomás na minha vida. 
 
Na verdade são 10 meses na nossa vida, numa família de três, na qual cada um tem um papel único e imprescindível. Por isso hoje escrevo sobre a paternidade e o papel do pai, aquele que escolhi para viver esta aventura comigo. 
 
Existem diferentes formatos de família e todos podem funcionar perfeitamente. Duas mães, dois pais, apenas um deles, às vezes três ou quatro… enfim, desde que a criança e os pais estejam felizes, cada um é que sabe o que funciona melhor em sua casa. Eu escrevo sobre o pai, porque é o que temos aqui em casa. 
 
Normalmente fala-se mais da maternidade do que da paternidade, mas o pai tem um papel importantíssimo, tanto na vida da criança como na vida da mãe e também ele vive um processo de transformação e de aceitação, que nem sempre é fácil. 
 
Os homens vivem os nove meses da gravidez de forma diferente da nossa, pelos motivos óbvios. Não há grandes privações, nem dores, incómodos ou alterações no seu corpo. Não há nada que realmente os prepare para o que aí vem. 
Se nós mulheres, não estamos preparadas, imagine-se eles! Habituados à sua independência, ao cultivo do ego e ao seu lugar cativo na ‘caixinha do nada’; quando se dão conta da nova realidade, até tremem. Ahahhahaha!
 
Ter um filho muda-nos a vida, a começar pela nossa rotina diária, os horários, as prioridades de gastos… as prioridades no geral, e também a forma como gerimos o nosso tempo livre. 
É normal que se trema, o importante é ter a capacidade de pôr os pés no chão, o coração no lugar e arregaçar as mangas para fazer a sua parte. 
 
Antigamente a figura paterna era associada à da autoridade e à de provedor financeiro, e o seu papel era, quase sempre,  externo à vida doméstica, à rotina da casa e ao desenvolvimento dos filhos. 
Os homens não mudavam fraldas, nem davam banho, nem cozinhavam… pergunto-me como se considerou normal este tipo de dinâmica familiar durante tanto tempo. 
A mulher sobrecarregada, ou contava com a ajuda das outras mulheres da família, ou desenrascava-se sozinha. 
 
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Hoje em dia mesmo com muitas excepções, um casal divide não só as tarefas domésticas mas principalmente a responsabilidade de ter filhos, é uma aprendizagem e um trabalho partilhado. 

Possivelmente ainda não é a 50/50, provavelmente ainda há um longo caminho a percorrer, mas é completamente diferente do que era na época dos nossos avós ou dos nossos pais. 

Felizmente os homens dos dias de hoje têm uma nova consciência de eles mesmos como indivíduos. Exploram as suas capacidades inatas para criar, acreditam neles próprios e permitem-se disfrutar da experiência de acompanhar de perto o crescimento dos filhos. Não sentem receio em demonstrar sentimentos e sabem cuidar com amor, exactamente da mesma forma que as mulheres.

Acredito que os homens que se envolvem emocionalmente no cuidado dos filhos, desenvolvem algumas capacidades pessoais vinculadas à aprendizagem diária, porque ao cuidar de outros, aprendem inevitavelmente a cuidar melhor de si próprios.

E é exactamente tudo isto que vejo aqui em casa, um pai que luta diariamente para encontrar um equilíbrio entre quem era antes e quem é agora, que tem gosto em definir a sua própria paternidade e a forma como a exerce. Que está sempre presente, sempre disponível, e que transformou a minha maternidade num processo muito mais leve e fluido. 

Tal como as mulheres, que continuamos a lutar pelos nossos direitos, a romper paradigmas, e a ganhar terreno nas áreas onde antes nao estávamos presentes; também os homens lutam a sua própria batalha no campo da paternidade.

 No que diz respeito a este tema, desejo sinceramente que à medida que se crie um modelo familiar equilibrado, esse equilibrio se estenda também à disparidade salarial e à igualdade de oportunidades profissionais entre homens e mulheres. Porque no fundo, tudo está relacionado. 

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