Não sou daquelas mulheres que sonhavam em ter filhos quando ainda tinham 20 anos. Nunca achei que tinha uma especial queda para a maternidade, ou um relógio biológico que tivesse gritado por mim a vida toda.
Isto de querer ser mãe apareceu por volta dos 35 e sem grandes pressas, se organicamente tivesse mais 10 anos para adiar a decisão, seguramente que o teria feito.
Gosto muito de crianças, mas tinha tanta coisa que queria fazer antes, tantas viagens, outros projectos e sonhos. Na verdade sempre achei mais piada a estar sentada à mesa com um copo de vinho a ter conversas de adultos, do que a brincar com os miúdos do outro lado da sala.
No entanto, como boa virginiana, sou extremamente maternal e como diz a minha terapeuta, faço parte do grupo das pessoas cuidadoras. Por isso, por muitas dificuldades que se me apresentem, acredito que vou encarnar o papel de mãe como se também tivesse nascido para isto.
Falta menos de um mês para o bebé nascer e no geral, por tudo o que leio e pelas historias que oiço, parece-me que a minha gravidez até tem corrido mais ou menos bem. De qualquer forma, agora sei que para isto não nasci certamente…
Estar grávida é cansativo, não é tão ‘romântico’ como dizem, e admiro as pessoas que decidem ter vários filhos… porque só de pensar em ter que passar por tudo isto outra vez, eu que sempre defendi a ideia de ter irmãos, começo já a ser a favor dos filhos únicos!!
Com a gravidez chegou um cansaço profundo que já me fez adormecer a qualquer hora e em qualquer lugar, ao mesmo tempo que chegou uma onda gigante de insónias nocturnas que me impede de descansar como deve ser. (por isso escrevo este post às 04:32am)
E assim começam as contradições e moléstias destes intermináveis 9 meses:
Sempre com vontade de fazer xixi, mas só saem 3 gotas de cada vez.
Sempre com fome, mas o estômago já está tão apertadinho, que cabe muito pouco.
Descobri a incontinência, em todas as suas versões dantescas.
Aqueles primeiros meses com vómitos compulsivos como se me estivessem a exorcizar.
O misterioso síndrome das pernas inquietas.
A azia… o mal que me persegue há meses e que independentemente do que coma, me faz sentir o fogo ardente do inferno no esófago.
As lágrimas… cujo stock é inesgotável, não me lembro de ter chorado tanto e tantas vezes na minha vida. As hormonas transformam a personalidade, alteram o humor, mascaram o bom senso e roubam a razão. Uma música, uma frase num livro, um filme, uma resposta torta, uma chamada problemática com a Vodafone, uma fotografia no instagram… é mesmo verdade que se chora por tudo e por nada.
Os calores sufocantes e os absurdos sonhos assustadoramente reais.
O corpo vai mudando… ao principio foi giro ver a barriga crescer, depois já nada me servia e de repente esta melancia enorme impede-me de atar os atacadores dos ténis, pressiona-me a bexiga, tira-me o equilíbrio, ocupa o espaço dos orgãos, e dificulta-me a respiração… e atenção que até agora só subi 10kg na balança!!!
Depois vem a parte teórica; quando me comecei a documentar, a ler coisas, a fazer perguntas, a descobrir informação; fico com suores frios só de pensar nas historias de gretas nos mamilos, das vaginas rasgadas, da forma como cuidar dos pontos, das dolorosas recuperações nas cesarianas; da lactância, que pode ser dura mas da qual não se deve desistir, ainda que sangremos quando amamentamos.
Daquela massagem tão incomodativa no períneo… ou simplesmente de já não conseguir cortar as unhas dos pés, de ter que me arrastar pela cama para me conseguir levantar, de deixar cair algo no chão, e ali ficar até ao fim do dia para o H. apanhar quando chegar a casa.
Estar gravida é uma infindável lista de mal entendidos com a cruel natureza.
Mas… dizem que depois, quando temos o bebé nos braços, esquecemo-nos de tudo isto. Até porque neste momento estou a viver um milagre diário, uma constante emoção difícil de explicar; porque por mais duro que seja, por mais cansada que esteja, quando vejo a minha barriga a mexer, fico atónita a pensar que estou a gerar um novo ser humano, que aqui dentro está um bebé . Que em breve deixaremos de ser dois e passaremos a ser três.
Já sei que todas as gravidezes são diferentes, mas acredito que esta sensação extraordinária de presenciar cada dia a criação de um vínculo eterno com um pequeno ser que ainda nem conhecemos, seja comum a quase todas as mulheres que decidem passar por esta montanha russa de emoções. Dizem que estes nove meses são só a semente do tal amor incondicional, que depois de dar à luz, cresce de forma galopante e é mesmo para sempre.
Viva a mae Ni!!!!!! Admiro a coragem, porque eu sou daquelas que acha mais “piada a estar sentada à mesa com um copo de vinho a ter conversas de adultos, do que a brincar com os miúdos do outro lado da sala.” E quanto a cortar as unhas dos pes…epa… nao invejo o H 🙂 bjs grandes!!!
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😂♥️
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Realmente no meu caso a minha gravidez foi perfeita, mas vejo-me em muitas palavras tuas e admiro as mulheres que falam abertamente do bom e do menos bom da gravidez e o post. Como disse realmente a minha gravidez foi perfeita, em relação ao post, um dia de repente tens ele nos teus braços, chorando sem parar e tu sem entender, com os mamilos com gretas como bem comentaste, mas tu aguentas porque queres dar o melhor ao teu filho, a tua imobilidade por causa dos pontos etc etc realmente a realidade é muito dura, mas também é verdade que no momento de desespero olhas o teu filho sorrindo e derretes-te. Um beijinho grande
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Mal posso esperar para o ter nos braços! 🤩🥰 Beijinho
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Enjoo, azia, dores, insônia, falta de ar, queimação na coluna, são muitas sensações. Que quando você pegar o pacotinho no colo verá que valeu muito a pena. Te desejo uma boa hora!!!! 🙌🏼✨
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Obrigada!
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