A adolescência é aquele período em que tudo é vivido com mais intensidade do que em qualquer outra altura da nossa vida.
Apaixonamo-nos pela primeira vez, as amizades são eternas, as promessas feitas de verdade; qualquer problema é um drama e qualquer alegria pode transformar um dia perfeitamente normal, no melhor dia da nossa vida. Todos os verões são inesquecíveis e cada ano na escola, a transformação é visível e sentida.
Estamos a crescer a passos largos (ainda que não nos dêmos conta) e a caminhada para a idade adulta é fascinante. (se soubéssemos nessa altura o que nos espera!!).
Eu adorei a minha adolescência, saudosos anos em que a minha mente criativa estava sempre tao desperta. Sonhava em salvar o mundo, escrevia dia e noite, e fazia planos com as minhas amigas para quando um dia fossemos mais velhas. Não havia preocupações, poucas responsabilidades além de estudar e ter boas notas e o melhor de tudo, tinha a inocência própria de quem ainda não viveu quase nada. Fui uma adolescente privilegiada, com muita liberdade e rodeada de pessoas especiais, com quem vivi momentos inenarráveis.
Esta semana tenho a minha sobrinha, de 17 anos, a visitar-nos; que me fez retroceder 17 anos na minha vida e lembrar-me como era sensacional ser jovem. Cheia de sonhos e certezas, cheia de vida e com aquele brilho nos olhos, próprio de quem vê tudo pela primeira vez.
Depois de dois dias de estar em Barcelona disse-nos que queria fazer um piercing.
Eu quando tinha 15 anos voltei da Escócia com um, e de regresso a Lisboa, depois de três horas de raspanete da minha mãe; a vida continuou. Por isso não me pareceu que pudesse ser um drama furar o nariz, muito pelo contrário, pareceu-me algo perfeitamente normal aos seus irreverentes 17 anos.
A liberdade de nos exprimirmos artisticamente como bem nos apeteça, é um direito básico; e decorar o nosso corpo, com tatuagens ou piercings; desde que seja com responsabilidade e bom gosto, não tem porque ser um problema.
Uma das coisas que aprendi desde pequena é que não se deve julgar ninguém pela aparência, que o que importa é o que está dentro da nossa cabeça e do nosso coração.
Em Barcelona é fácil pôr isto em prática pois é uma cidade extremamente aberta e tolerante, cheia de pessoas diferentes, onde nos valorizam pelas nossas capacidades e atitudes.
Esta foi a mensagem que passei à minha sobrinha, o importante é o que levamos cá dentro!