Os melhores anos

Dependendo da idade que se tem, olhamos para a nossa vida de forma distinta.
Neste momento, aos 36, não consigo definir quais os melhores anos da minha vida; aqueles que já vivi ou os que ainda vou viver?

A adolescência e aquele inicio dos 20, foram anos loucos, intensos, e os mais despreocupados e sinceros que tive até hoje. Sinto uma eterna nostalgia para com aqueles momentos; as idas ao Bairro Alto nas noites de sexta-feira e as caminhadas pela 24 de Julho até ao Rock Line. Dançar como se ninguém nos estivesse a ver, beber b52’s e rir a bandeiras despregadas por todas as parvoíces que nos vinham à cabeça, naquelas alucinantes madrugadas, antes de apanhar o primeiro comboio da manhã, na estação do Rossio.

Mais tarde, já a estudar em Lisboa, depois de noites de “estudo” no Ágora, subíamos até ao Bairro e conhecíamos gente nova, estávamos abertos, misturávamo-nos e queríamos sugar o tutano da vida, tal como no filme que me inspirou durante a adolescência… com o mote: Oh Captain My Captain!

Fins de semana na Zambujeira, festivais de verão, concertos, festas; e uma ginástica enorme para que a mesada desse para tudo, mas não perdia uma!

Com o ‘carpe diem’ gravado no coração, dizíamos que sim a quase tudo e acreditávamos que a vida era feita de experiencias. E assim é! No fundo, em algumas coisas, continuo a pensar da mesma forma, como quando tinha 20 anos.

Não sei se esses foram os melhores anos da minha vida, provavelmente não, mas foram anos muito felizes, quando ainda eramos inocentes e acreditávamos que podíamos mudar o mundo.

Hoje um dos meus amigos mais queridos, meu padrinho de casamento, faz 37 anos.

Conhecemo-nos quando eu tinha 12 e desde então nunca perdemos contacto; tenho historias mirabolantes com ele, que juntamente com o meu outro padrinho de casamento (sim, tive 2 homens a testemunhar o “grande dia”), fazem uma das duplas com mais humor que conheço; são as pessoas mais sinceras, honestas e amigos daqueles do antigamente, aqueles que são para a vida toda.

Tenho sempre muitas saudades destas pessoas, ainda que se mantenham presentes na minha vida, não partilho com elas o meu quotidiano, não vejo os seus filhos crescer e não posso ligar para beber uma jola à terça-feira ou dizer-lhes para irem jantar lá a casa no próximo sábado.

Não sei o que me reserva o futuro, imagino que venham aí anos cheios de desafios, com muitas alegrias e aventuras, não sei se continuarei em Barcelona, voltarei a Lisboa ou irei para qualquer outra parte do mundo. Aproxima-se o final da década dos 30, começo dos 40; concretização de projetos e tomada de decisões.

Percebo aos poucos que os melhores anos da nossa vida ainda não passaram, nem são os que estão por vir. Os melhores anos da nossa vida são os de agora, hoje, esta tarde e logo à noite. O que faço com o meu presente; e todas as pessoas com quem, longe ou perto, partilho a minha vida.

Tenho sempre muitas saudades, e apesar do Antonio ter razão ao dizer: “Só estou bem aonde não estou” – na verdade eu quero é estar aqui, mesmo que esteja longe de muitos dos que amo, é aqui que agora eu sou feliz.

Parabéns Ali G.

3 opiniões sobre “Os melhores anos

  1. Os anos passam e deixam sempre as suas marcas em termos de vivencias!Todos sao diferentes como são diferentes as pessoas que vamos conhecendo assim como as que julgamos conhecer vao mudando.E a vida e o nosso posicionamento que determina a forma como sentimos o passado e o recordamos com prazer todos os que participaram dele assim como é a vida que determina o nosso presente. Cada segundo,minuto deveria sempre ser vivido com a intensidade do momento mas quase sempre a vida nos troca as voltas. …bjs

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