Hoje o Palavras na Barriga tem dois posts: •A AGENDA DE DEZEMBRO• que já estava programado; e este completamente inesperado, que nasceu da minha vontade de verbalizar este sentimento estranho que me provoca a morte.
Morreu o Zé Pedro.
Quando ontem dei a notícia a uma amiga, ela perguntou-me: – O dos Xutos?! Ao que eu respondi: Há outro?!
Zé Pedro era só aquele. O irreverente, o grande guitarrista, o que viveu intensamente a juventude e acompanhou a adolescência de todos nós que nascemos entre os 70 e os 80.
Comecei a ouvir Xutos muito pequena, porque a minha irmã, 4 anos e meio mais velha que eu, já os ouvia. Vi-os pela primeira vez aos 12 anos, num concerto mítico que se fez no Estádio de Alvalade: Portugal ao Vivo.
Depois disso, vi-os não sei quantas vezes mais; festas da Uni, arraial do técnico, no Sudoeste e religiosamente todos os anos no Avante.
Tenho histórias a ouvir Xutos, tenho histórias por causa dos Xutos.
Nos acampamentos de verão quando era miúda, à volta da fogueira com a guitarra; aos 20 anos nas road trips a caminho da Zambujeira, e ainda hoje quando aqui em Barcelona nos juntamos, bebemos uns copos e cantamos, é sempre Xutos que toca bem alto. E todos sabemos as letras de cor.
A morte é aquela coisa estranha que continuo sem perceber. Uma chatice que faz parte da vida, mas que causa sempre tanta tristeza… Há exactamente 7 anos atrás morreu um grande amigo meu; e depois do choque, juntei-me com a sua namorada, e numa noite de muita conversa, lágrimas, gargalhadas e duas garrafas de vinho; celebrámos a memória daquele amigo que nos deixou tão cedo.
Com o Zé Pedro será igual. Hoje é dia de encontrar amigos portugueses, beber uns copos pelo rock, e com eles celebrar uma das pessoas que ajudou a construir as nossas memórias.