Pode ser que este post seja escrito no rescaldo imediato do festival. Mas por isso mesmo não poderá ser mais sincero… Só há duas possibilidades para que me voltem a encontrar no Primavera: Ou vem uma daquelas bandas imperdíveis que é a última oportunidade para as ver, ou a minha memória já não é o que era, e eu apago da cabeça as impressões deste último festival.
Foi mau? Não!
Estarei a ficar (mais) velha? Talvez!
O recinto do festival é ‘enormesco’ (mistura de enorme com dantesco). O iphone diz que ontem andei 10km dentro do festival. Mas quem é que vai a um festival para fazer desporto?! Not me!
Aquilo chama à vida boémia e não à saudável. Mas depois de tantos kms volto com a operação bikini já meia resolvida.
Todos comentavam que os empregados dos bares eram portugueses. Mas ninguém comentou que quase não se ouvia falar espanhol no público. Uma invasão de ‘cam’ones’ como nunca antes tinha visto.
Faixa etária: havia de tudo, muitos 18-25 mas também muitos como “nós”, jovens adultos que ainda acreditam que aguentam um festival inteiro sem se terem que arrastar até ao taxi mais próximo.
Havia carrinhos de bebés. Havia cadeiras de rodas e muletas. Havia sexagenários. Havia de tudo como na farmácia. Que na verdade é o que faz com que tudo tenha piada e valha a pena, porque a vida passa por muitas fases, e ‘olé’ às pessoas que não desistem de fazer o que as faz feliz.
Pouca roupa, mascarados, purpurina, droga, álcool e muita música. Música boa?!
Sim, mas os espectáculos nem sempre. Artick Monkeys (que eu adoro) acabaram antes do tempo, tocaram de empreitada, de forma impessoal e com interação zero.
Eu já sabia, mas às vezes esqueço-me: concertos de bandas que realmente gosto não podem ser vistos em festivais espanhóis. A ver se é desta que aprendo!
Milhares e Milhares de pessoas, gente que não acabava nunca, de um lado para o outro. O que vale é que o espaço é realmente descomunal. Mas provoca-me um bocadinho de stress o facto de parecer que ninguém está relaxado, porque temos que ir a correr para o próximo concerto, que é a 2km do sitio onde estamos.
Havia toda uma zona dedicada à música eletrónica, num festival de rock, indie e música alternativa. Não está mal, mas é outra onda. (assim se percebe do que o pessoal gosta actualmente).
No meu tempo de festivais, e fui a muitos; tudo era diferente. Não havia fashion worries, estávamos todos na boa juntos pela música, não havia ‘postureo’, nem todos agarrados ao telemóvel em pleno concerto. Já sei que eram outros tempos… e também não quero ser “velho do Restelo” ou nostálgica ao ponto de pensar que no meu tempo é que era bom.
Como diz o poeta, o mundo pula e avança e assim é que tem de ser.
O Primavera também tem coisas boas:
Este ano as opções para comer eram muitíssimas. Tudo muito organizado e sem filas intermináveis. Os concertos são sempre pontuais, não há atrasos. As casas de banho estavam por todo o lado e quase sempre limpas e com papel. Havia um bus que levava o pessoal de um lado para o outro (mas tinhas que esperar na fila durante o tempo que fosse preciso). O som é muito bom, considerando que é ao ar livre e junto ao mar. Havia gente de muitas partes de mundo e no geral com boa onda. Mas mais importante que tudo, foi o tempo que passámos com amigos; que reencontramos ao acaso pessoas que não víamos há meses, que rimos, dançámos e cantámos como se não houvesse amanhã.
Se vale a pena?! Vale. Um festival de música é toda uma experiência. Mas depois de ir a tantos, e aos preços de Barcelona… começo a pensar que está na hora de começar a fazer uma seleção mais refinada dos meus festivais.
Agora fico de molho até ao Sonar, e daqui a duas semanas vira o disco e toca outro tipo de música!
Boas !!
Sem dúvida um grande festival em que com o tempo tem mudado devido à constante evolução musical !!
Uma crítica suave y com grande respeito !!!
GostarLiked by 1 person