Dia da Família

Ontem foi o dia internacional da família, e é verdade o que diz o provérbio: Family First! Não há nada mais importante, deve ser sempre uma prioridade, é o nosso pilar e a nossa bóia salva-vidas.

Mas nem sempre a família biológica é uma referência, às vezes chamamos de familia os nossos amigos mais próximos, aqueles que nunca nos falham, os que nos estendem os braços quando mais precisamos.

Na recta final da gravidez, começo a pensar no conceito de família, de educar, de hábitos e costumes, tradições e daqueles pequenos tabus que no fundo todos temos.

Hoje em dia o conceito de familia ja não é o que era. Isso de pai, mãe e filhos, pode ser o modelo convencional, mas está longe de ser o único modelo existente ou que se deve aceitar socialmente.
Nos dias que correm para haver uma familia, basta que tenhamos um/uma companheiro/a de vida.

Um homem e uma mulher já são uma família, mesmo que não tenham filhos. Dois homens e um filho, duas mulheres juntas, três homens, um homem e duas mulheres com filhos, um homem sozinho com um filho ou uma mulher sozinha com um filho…. Uma infinidade de combinações de género e quantidade, defendida pelas preferências sexuais, pelo poliamor, pela realidade das familias monoparentais, etc.

E assim é que deve ser. Cada um que faça o que quer da sua vida, desde que nao faça mal a ninguém.

Mas a forma como se educa, como se acarinha e cuida, a forma como se comunica, a atenção que se dá à criança; aí, na minha opinião, não deve diferir muito. 

Para quem não leu este post, e só há uma forma de o dizer, eu cresci numa “familia feliz”. Os meus pais continuam casados e dão-se bem até hoje, são realmente amigos um do outro, adoram fazer coisas juntos, sempre houve bom ambiente em casa e os conflitos e crises com que cresci foram os do quotidiano originados pelas circunstâncias que a vida lhes apresentou. (Ou isso me pareceu a mim, de tão bem que eles fizeram o seu trabalho.)
Isto dito por outras palavras: os meus pais são uns fixes, claro que têm problemas como toda a gente mas também tiveram muita sorte de se encontrarem um ao outro e nunca desistiram daquele trabalho diário que há que fazer para que uma relação funcione.

Sei que, infelizmente, nem todos os casamentos são assim, mas atribuo às escolhas de cada um o rumo que a vida leva.
Acho sinceramente que quando a coisa não vai bem, as pessoas se devem separar, amigável e cordialmente,  mas decidir seguir por caminhos diferentes. Cada um saberá as circunstâncias da sua vida, mas no fundo todos sabemos que é uma questão de escolhas. Longe de mim querer julgar ou compreender quem não se separa, essa análise só as próprias pessoas têm o direito de fazer. E imagino que quando se tem filhos a decisão é ainda mais difícil e complicada…

Alguma vez tive que ouvir comentários (de pessoas de fora) sobre a minha familia, que a forma como nos relacionamos é que não é normal. Que ter uma vida funcional em casa e ter crescido em harmonia é que é fora do comum. E que eu é que me tenho que habituar à disfuncionalidade das outras familias, porque a maior parte são assim.

Para mim cada familia é diferente, com formas de se relacionar diferentes; respeito que assim seja, ainda que muitas vezes não compreenda. Mas não acredito que a maior parte das familias são disfuncionais, penso que muitas vezes as pessoas pelos seus próprios motivos, desistiram de tentar fazer como que funcionasse.

Eu penso educar os meus filhos da forma como eu fui educada, porque é o modelo que conheço e no qual acredito. Mas também acho que nem sempre os modelos em que fomos criados servem para os nossos filhos. Que o que funcionou connosco, vá funcionar com eles. Que o que muitas vezes se aguentou, porque era o que havia, porque não podia ser de outra forma, não tem porque ser aplicado na família que agora começamos a criar.

A educação e a forma como somos criados é um tema sensível nas relações, porque no fundo as famílias são feitas de amor. E o amor tem diferentes formas de se demonstrar e de se manifestar.

Todos somos um produto da relação dos nossos pais, mas  acredito que também temos a capacidade de nos reinventarmos, de sermos melhores pessoas, melhores pais. Principalmente porque somos pessoas diferentes, que podem fazer outras escolhas e tentar alterar as circunstâncias.

Viver uma relaçao familiar, com ou sem filhos, é uma luta diária. É um compromisso connosco próprios para se tentar ser feliz, para se defender um projecto comum em que todos os intervenientes acreditam. Nunca podemos nem devemos esquecer de onde viemos, mas o caminho que temos pela frente, só nós o podemos construir.

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