Logo no primeiro ano que cheguei a Barcelona aprendi que este é um lugar de passagem. Que o pessoal vem fazer erasmus, vem fazer o mestrado, e também vem quando não sabe o que fazer da vida…
É normal mudar-se para Barcelona, arranjar um trabalho qualquer, viver intensamente um par de anos e quando se assenta a cabeça, voltar para a sua terra, ou tentar a sorte noutra terra qualquer.
Perdi a conta da quantidade de amigos que fiz aqui e que já cá não estão. (Visito-os a todos nas diferentes partes do mundo, sempre que posso) – ( ao menos isso!).
Pensava eu que esses tempos já tinham passado. Que quem tinha ficado depois de tantos anos, já não ia a nenhum lado. Doze anos em Barcelona, casa montada, trabalho fixo e aquela estabilidade que construímos à custa do nosso suor e de algumas lágrimas.
Mas não… na verdade quando não somos de um sítio, não há nada que realmente nos prenda, por mais que pareça que temos a vida feita.
Esta é provavelmente a despedida mais dolorosa de todas, a que mais me custa e me vai custar durante muuuuuito tempo.
Eu e a B. somos amigas desde os 12 anos. Nestes 26 anos de irmandade, vivemos todas as coisas que se podem imaginar e todas as outras que não passam pela cabeça de ninguém.
Não somos as típicas amigas ‘fofinhas’, mas somos do mais verdadeiro que se pode ter. No liceu pensavam que eramos ‘namoradas’, porque não nos largávamos e defendiamo-nos com unhas e dentes. Mas nós eramos apenas amigas, às vezes diferentes na atitude, mas parecidas na essência, daquelas a sério e para a vida toda.
Eu só vim para Barcelona porque ela já cá estava, e isso diz tudo. Mudei-me para cá, porque entre outras coisas, queria viver ao pé dela.
Mas a vida dá muitas voltas, e agora a B. volta para Lisboa.
Eu grávida de 7 meses, tudo o que queria e precisava era tê-la por perto, mas não vai ser assim. Sei que estaremos à distância de um telefonema, com o whatsapp a todas as horas, mas também com os 1200km que inevitavelmente impedem aquele almoço espontâneo, aquela cerveja depois do trabalho ou as almoçaradas ao fim de semana. O pior mesmo é que não vou acompanhar o Ben a crescer, nem ela o Tomás…
Mas no fundo, dentro da tristeza que sinto, sei que é um momento bonito para ambas. A B. vai construir uma nova vida, com toda a adrenalina e alegria que uma mudança trás. E eu vou ser mãe, a maior de todas as minhas aventuras. Viveremos longe uma da outra, mas felizes com as nossas escolhas. E isso é o mais importante.
Boa viagem Sista e Feliz Nova Vida!
Vou ter saudades nossas…