Apesar de ainda faltarem umas semanas para acabar o ano lectivo, na 6feira foi a festa de fim de curso na escolinha do Tom. Ver um filho crescer é realmente perder a noção do tempo e ao mesmo tempo, ter mais do que nunca a noção de como o tempo passa tão rápido.
Confuso?! Sim, exactamente como isto de ser mãe, uma verdadeira confusão cá dentro.
O Tom entrou para a creche bebé e saiu menino. Como é que isto aconteceu num piscar de olhos?!
Na festa estavam os pais e as mães, havia música, disfarces, pica-pica, brincadeiras, fotografias, presentes para a educadora, etc.
Eu, uma total desconhecida, tentei ser agradável e meter conversa com quem me cruzava. Nunca levo o Tom à escola e nunca o vou buscar, o meu horário de trabalho não é compatível com o da creche, e por isso não conhecia os outros pais e mães.
Senti os olhares de curiosidade na minha direção e os sorrisos simpáticos debaixo das máscaras para o H, com quem se cruzam diariamente à porta da escola.
Uma mãe perguntou-me se eu era a mamã do Tomás, porque nunca me tinha visto. Respirei fundo!
(Duvido que alguém tenha perguntado a algum pai que nunca aparece na escola, se era o pai de alguma criança.)
As mães falavam umas com as outras… em alegre cavaqueira no seu melhor catalão. Os pais tiravam fotografias e andavam atrás das crianças a tentar evitar que deitassem as bandejas da fruta e as jarras de água ao chão.
Deslocada, senti-me um pouco deslocada. Não tanto pela língua, porque posso compreender 99% do que dizem, e mesmo que não fale muito, defendo-me perfeitamente; mas pela situação. Porque me fez sentir que não acompanhei o meu filho durante todo este primeiro ano.
E não é verdade, acompanhei sempre! A verdade é que a pandemia também não ajudou muito, já que não se fizeram todos os eventos que se costumam fazer (a castañada, natal, san jordi, etc), e por isso, nao tive muitas desculpas para ir a escola. Mas estive sempre presente, toda a comunicação escrita e telefónica com a escola sou eu que a faço; pergunto, mando recados, estou por dentro das atividades, estou no grupo do whatsapp e participo em tudo o que posso. E o mais importante é que estive a trabalhar em casa todo o tempo, o que me permitiu que sempre que ele chegava, ali estivesse eu, de braços, coração e bar* totalmente abertos.
É fácil julgar os outros e é ainda mais fácil sentirmo-nos julgadas. Porque nos cobramos essa perfeição, na qual não acreditamos, não defendemos, mas no fundo até estaríamos dispostas a tentar alcançar. Tudo pelas nossas crianças!
A conciliação entre a vida familiar e a profissional não é real, temos mesmo que deixar alguma coisa de lado. Percebi agora, que mesmo achando que pus a minha maternidade em primeiro plano, aos olhos da sociedade não foi suficiente. Porque no trabalho olham-me como a que priorizou os filhos, e na escola como a mãe que priorizou o trabalho.
Enfim… mas a festa valeu a pena, muito! O Tom ao princípio estava tão surpreendido por estarmos ali, que nem reagiu. Depois, aos poucos foi percebendo o que se passava e foi só alegria.
Mostrou-me a sua sala, os brinquedos com que gosta de jogar, as plantas que regam todos juntos, os baloiços onde andam, os livros que costumam ler, onde comem o lanche… mostrou-me a sua vida na escola e partilhou comigo tudo aquilo que faz quando não está ao meu lado. Ele estava orgulhoso e feliz. E eu transbordava emoção.
O meu filho entrou bebé, mas agora já é mesmo um menino. ❤️
*bar aberto quer dizer maminha a livre demanda.




