Tempo juntos para todos os gostos

As rotinas criam-se e as tradições inventam-se, ambas podem tornar a nossa vida mais divertida, criativa e principalmente ocupada. Percebi que com filhos, ocupar o tempo é uma preocupação recorrente, (se não quero dar em doida com o Tom fechado em casa muito tempo).

É engraçado porque é uma constante dicotomia, queremos ocupar o tempo e queremos tempo livre ao mesmo tempo. Parece que não tem sentido! Ahahah

Quando o calor começou a apertar, tivemos que pensar em programas para fazer com o Tom, que aliviassem o desconforto que provoca o estranho clima desta cidade. Barcelona tem um clima mediterrâneo e as temperaturas não sobem muito, normalmente não passa dos 30°, mas a combinação com a humidade é bastante sufocante. Parece tropical, mas com temperaturas amenas e humidades relativas. Não dá para perceber bem, mas os verões podem ser muito desagradáveis.

A nossa primeira opção, antes de sermos pais, era obviamente a praia. Fugíamos da cidade e passávamos dias inteiros de molho em qualquer uma das lindas calas da Costa Brava. Mas agora, com o Tom e com muita pena minha, ir à praia implica uma logística tão laboriosa, que quando começo a pensar em organizar já desisti. Não temos carro e as opções são a bicicleta ou o comboio, mas entre levar a tralha toda sobre duas rodas ou ir como sardinha em lata em plena pandemia, decidimos optar por outro tipo de programas.

O que não falta numa cidade tão cultural como esta são planos alternativos, por isso decidimos começar a explorar os museus, as exposições, parques e bosques. De preferencia locais com ar condicionado, ou mais frescos pela sombra de muitas árvores.

E a verdade é que tem sido todo um acerto. O contacto com a natureza é essencial para um desenvolvimento saudável de qualquer pessoa, e o Tom adora o contacto com animais e plantas. Fica curioso, quer descobrir, aproximar-se, tocar; destemido e atrevido como é comum nestas idades.

Há umas semanas visitámos uns amigos na sua quinta em Tarragona e foi um dia de plena felicidade, esteve horas a brincar com o cão, fez festinhas aos gatos, tentou abraçar galinhas e admirou carreiros e carreiros de formigas. Voltou mais crescido, mais autónomo e mais feliz. Foi tão bom vê-lo livre a correr pelo olival, que sei que é um programa a repetir sempre que possível; sair da cidade é obrigatório de vez em quando.

Mas enquanto cá estamos e porque é aqui que vivemos, bem no centro do Eixample, vamos explorando o que a cidade tem para nos oferecer. E apesar de haver muita oferta infantil, às vezes é preciso equilibrar os programas com opções para adultos.

Foi a um desses que assistimos no último domingo, e confesso que estava meio apreensiva porque não sabia se o Tom ia aguentar muito tempo dentro de uma exposição de fotografia, silenciosa e potencialmente desinteressante aos seus olhos.
Mas não, comportou-se como qualquer outra pessoa que lá estava (claramente agiu por imitação) circulava pelo espaço, olhava para as fotos, para as lâmpadas, para os extintores, os bancos, ou qualquer outro objeto que lhe chamasse a atenção, mas com a tranquilidade e harmonia que requer uma visita a um sítio assim.

Além de que a exposição tinha uma carga emocional bastante forte, e apesar dele não compreender, a energia fluiu perfeitamente e o Tom portou-se mesmo bem. O que me levou a pensar, que devemos não só fazer programas infantis com ele, mas também apresentar-lhe diferentes possibilidades.
Principalmente para que se habitue a estar em ambientes que não lhe são familiares, que conheça e descubra diferentes formas de comunicar, que visualmente explore novas formas e cores. Que os espaços amplios dos museus e galerias lhe tragam a mesma paz e conhecimento, que me trazem a mim; e que o silêncio desses ambientes o ajude a perceber o conceito de respeito pelo espaço partilhado. Admito que também espero que estabeleça uma relação íntima com a arte, que o ajude a estimular a sua criatividade e a abrir a mente ao desconhecido e ao diferente.

Mas levá-lo para uma exposição de fotografia é também para que nós enquanto adultos, não deixemos de fazer as coisas que gostamos só porque somos pais.

É uma satisfação imensa vê-lo no nosso ambiente, a admirar as mesmas coisas que nós, a dançar ao som das nossas músicas preferidas, ou a contar cheio de alegria aos avós, que foi a mais uma exposição.

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