“Ai! Este miúdo está tão apegado à mãe!” Começo com esta frase que ouvi outro dia, e que me deixou a pensar no que se espera de uma criança de dois anos. Será que já devia ser independente e desligada da mãe?! Claro que não! Que absurdo!
Se uma criança não for apegada à mãe, onde se desenvolveu durante nove meses dentro do útero, com quem esteve pele com pele todo o tempo depois disso, por quem foi alimentada, abraçada e incondicionalmente amada… então não sei a quem é que tem que ser apegada. Sinceramente, eu passo-me com estes comentários!
Desde que cheguei a Lisboa que quase toda a gente faz “cara feia” ao facto do Tom ainda mamar. Já ouvi de tudo!
“A culpa é tua! Estás a habitua-lo mal! Mas ele já está cheio de dentes. Esse leite já não alimenta nada. Está viciado na mama. Desse tamanho e ainda mama?! Mas porque é que ainda dás mama?!”
E mais não sei quantos olhares e frases desagradáveis, muitas vezes até dirigidas a ele mesmo.
Levamos quase 25 meses de amamentação. Os primeiros foram difíceis, pelas razões que já contei •neste post•, depois começou a correr bem, mais tarde assustei-me com a possibilidade de que ele já não quisesse mais, de repente voltou ao normal e começou a ser maravilhoso. Depois um bocadinho menos, cada vez mais cansativo, as noites de exaustão quase sem dormir, as dores no corpo pelas mil posições acrobáticas. Cansaço e mais cansaço! Comecei o desmame noturno, parecia que corria bem até que ficou doente, pedia mama à noite e eu voltei a dar. Voltámos ao princípio e mais umas semanas a tentar deixar a maminha. Cansaço e mais cansaço. Aproximamo-nos dos dois anos e eu comecei a preparar-me/prepará-lo para acabar de uma vez com a nossa lactancia.
Até que cheguei a Lisboa… e ao ver tamanha repulsa por este tema, fez-se um click na minha cabeça e no meu coração.
A amamentação do Tomás vai durar até que a mim e a ele nos apeteça. Por favor, mundo, abstêm-te de fazer comentários. Não é a tua mama, não é o teu corpo. O que te incomoda realmente?!
Acredito sinceramente que quando o Tom estiver preparado, quando se sentir seguro, quando já não lhe apetecer mais, vai deixar a sua maminha. Sem pressões, sem ameaças, sem avisos, e sem chantagens.
Que pressa é essa para nos desapegarmos de um filho? Continuo cansada, continuo a ter noites duras e continuo a querer deixar de amamentar. Mas se o Tom não quer e/ou não está preparado, eu vou aceitar e respeitar. Porque é desta forma que pretendo criar o meu filho, aceitar quem ele é e respeitar as suas escolhas e decisões.
Por mais cansativa que possa ser a minha amamentação neste momento, tenho plena consciência que não vai durar para sempre, que esta maravilhosa experiência vai acabar a qualquer momento. E que quando acabar vai ser para sempre. Por isso resta-me aproveitar e disfrutar da magia que é poder amamentar o meu Tom.
Esta é a semana mundial do aleitamento materno, que ainda é muitas vezes olhado com preconceito e vergonha; porque vivemos numa sociedade em que se crítica as mães que decidem não amamentar, em que se pressiona as que não conseguem, e se ri das que depois de dois anos ainda o fazem.
Nada de novo, apenas o mundo dos homens sempre perverso e cruel para com as mulheres.

Tenho dois netos (vamos a caminho dos três), catalães, o Noah (2,5 anos) e o Jan Marc (5 anos), e chegaram a mamar os dois durante algum. Se no início me pareceu um pouco estranho o JM ter 3 anos e mamar e já haver o bebé? Sim! Embora os meus filhos tivessem mamado até quererem, e eu já achasse que o meu leite era o melhor para eles, socialmente defendia-se que a partir do momento em que já comiam outros alimentos não precisavam de mamar. Mas o meu filho e a minha nora mostraram-me outra forma de ver as coisas, também procurei ler muito sobre o assunto, e hoje acho louvável, um ato de amor enorme, sem contudo achar que devo criticar quem toma outras decisões.
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Obrigada! Que testemunho tão bom. ❤️
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