Há um antes e um depois da morte. Para quem fica, claro está. Para quem vai… não sei o que tem à espera, talvez nada, talvez outra coisa qualquer.
Com a idade fico menos séptica, mas nem por isso mais crente. Para mim esta é a vida que temos para viver, devagar mas de forma intensa. Em busca do nosso caminho, da felicidade, da nossa melhor versão e dos nossos propósitos.
Com sorte cruzamo-nos connosco próprios antes de nos cruzarmos com a morte.
Devasta-me quando se me arranca o tapete debaixo dos pés e, sem pré-aviso, morre alguém querido. Infelizmente já foram uns quantos e o sentimento é sempre o mesmo. A morte é sempre uma grande merda.
Mas a morte de amigos jovens, a morte de alguém que não estavas à espera, é como uma dolorosa facada retórica bem no centro de todas as nossas certezas.
Faz pensar, e dar muitas voltas à cabeça. E mete-nos medo. Muito! Perceber que a vida acaba num segundo. Que hoje estamos aqui e amanhã talvez não.
Morreu o André.
Conhecemo-nos no nosso segundo ano em Barna, há 13 anos atrás. Tornou-se desde o princípio nosso amigo-irmão, para todos os momentos. Esteve sempre lá quando precisámos, (e vice-versa), fosse para um abraço, para uma conversa e um par de cervejas, para dar uma mão num momento de aperto, nas nossas inúmeras mudanças de casa, nas barbacoas, nas festas, nas loucuras e nas tristezas. Não sei quantas viagens de carro pela Europa com o Helder e claro, no nosso casamento em Lisboa.
Hoje é um dia tão triste.
Tão diferente dele e do que ele nos fazia sentir. Do sorriso e da gargalhada, daquela transparência sincera sempre que estávamos juntos. A última vez foi há 3 meses, a dançar no seu casamento. E tanto que dançámos nesse dia.
Despedimo-nos já de madrugada, os três fundidos num forte e feliz abraço… e ele disse-nos: Os quiero familia!
E o André era mesmo familia, era um lugar de carinho e de convívio. O André juntava pessoas, misturava culturas e unia distâncias. De tal forma, que 24h depois da sua morte, ainda em choque por tal absurdo, criou-se um grupo de whatsapp onde estão 57 pessoas, para recaudar dinheiro e ajudar a pagar todas as inesperadas despesas. Morreu num acidente de parapente, e nós amigos, juntámos em pouco mais de 24h, uns bons milhares de euros; para que a sua companheira de vida, não tivesse que arcar com tudo sozinha.
Dizem que as amizades se vêm durante a vida, mas eu garanto que há amigos que não nos falham nem na morte. Acho que não é qualquer pessoa que consegue tal proeza, depois de ter partido. Mas o André, sem dúvida, era uma pessoa especial; dessas que mesmo sem estar presente, saca o melhor de cada um de nós.
Barcelona uniu-nos para a vida, que pena que a morte o levou tão cedo.

MUITA FORÇA
BEIJJNHOS
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