
Estou no comboio a caminho de Madrid.
Estou pela primeira vez a separar-me do Tom. É uma sensação estranha; boa e nostálgica ao mesmo tempo.
Ha um mês acabámos a lactancia, e acho que passar este fim de semana fora com as minhas amigas, só é possivel porque já não dou de mamar.
Amamentei 34 meses, quase 3 anos. Depois de 2 anos, fomos diminuindo devagarinho, foram aparecendo outras coisas que lhe chamavam a atenção e começou a dedicar-lhes mais tempo, e aos poucos a maminha foi ficando esquecida.
Um dia acordou e disse que queria brincar, no outro acordou e disse que queria comer, ao terceiro dia, mal o vi abrir os olhos propus uma brincadeira irresistível… e assim fomos alargando a distância entre o meu peito e o meu bebé. Ainda fez duas ou três birras matinais, sempre ensonado em busca do seu leitinho. Ao principio quando me via nua, gritava: MAMINHAAAAAA, num misto de gargalhada e surpresa. Mas aos poucos foi deixando de reparar e hoje passa por mim quando estou sem roupa, e da-me palmadas no rabo ou beijinhos nas pernas e diz uma piadola qualquer, como eu faço com ele.
Roubaram-me o meu parto ideal e consequentemente obrigaram-me a ter um pós-parto fisicamente duro. A lactancia começou de forma dolorosa e difícil, precisei de ajuda até entender o meu corpo e o meu bebé; mas acabou em sintonia e sem dramas.
E eu não podia estar mais orgulhosa de nós: eu que afinal resisti ao cansaço e à exaustão e consegui respeitar as necessidades do meu bebé, sem ligar aos comentários, ou pressões sociais. Ele, que virou menino e aos poucos desinteressou-se da sua adorada maminha, de forma natural e amorosa. E também do H., que me ajudou e apoiou todos os dias nesta minha decisão de amamentar até que o meu bebé quisesse.
Nisto da maternidade nem sempre se recebe muitos elogios. As crianças sim! São todas engraçadas, fofinhas, inteligentes, perspicazes…. é fácil que alguém nos diga quão maravilhosos são os nossos filhos. Mas não é tão comum que nos digam que somos boas mães e bons pais. Não é comum que reconheçam o nosso mérito, o nosso sacrifício, a nossa dedicação. Imagino que se tenha assumido que ao ter um filho temos que dar tudo de nós, sem esperar aplausos nem palmadinhas nas costas. Imagino que se tenha assumido que fazemos o nosso melhor. E acredito que a maioria, sim que fazemos o melhor que podemos, ou sabemos, ou conseguimos.
Mas como o caminho da maternidade é cheio de dúvidas, incertezas e culpas, um abraço ou uma palavra de reconhecimento de quem nos é mais querido, ajuda-nos a ter força para continuar na nossa linha, naquela que mesmo sem nunca termos a certeza, acreditamos que é a melhor para os nossos filhes.
Quando o bebé deixa de mamar, o elogio é para ele: Que grande que estás! Muito bem, já és um menino crescido! Em nenhum momento se pergunta à mãe como está, o que sente, o que pensa.
Eu estava cansada, 3 anos é muito tempo. Mas há sempre uma mistura de sentimentos, uma ligeira pena por ter acabado, por não voltarmos a ter aquele momento nosso, em que estávamos colados pele com pele, em que eu o podia alimentar com o meu próprio corpo e a sensação era indiscritível e maravilhosa. Impossível esquecer todos os momentos em que o tive no colo e trocámos os nossos olhares cúmplices, sem dúvida o amor mais puro e profundo que algum dia senti na vida.
Mas acabou e acabou a bem, o meu bebé virou menino e agora estamos os dois mais maduros nos nossos papeis de mãe e filho, e muito contentes na descoberta de cada nova fase.
Obrigado por partilhares❤️
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❤️😘
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Muito bonito este texto, obrigada pela partilha!
Agora é a fase em que quem nunca deu palavras de incentivo vem perguntar para quando o próximo. Deve ser milenar esta coisa de nos metermos todos na vida uns dos outros.
Espero que tenham um próximo capítulo feliz e tranquilo, e sempre a crescerem nos vossos papeis, que é o que desejo para mim e o meu Pedro também. 🙂
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Não tinha lido o teu comentário 🤦🏻♀️
Obrigada!
Que venham muitos capítulos e as nossas crianças cresçam felizes e com saúde! 😃
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