E quase num piscar de olhos termina 2020, o ano mais estranho desde que tenho memória. Mesmo que tenhamos conseguido superá-lo sem nenhuma tragédia pessoal, foi impossível passar por estes últimos doze meses sem nos sentirmos parte disto.
Todos fomos afectados de alguma forma, todos tivemos um momento de choque, de tristeza, de desespero, cansaço, preocupação, medo ou até paranoia.
Foi mesmo muito duro e desejo sinceramente que não tenhamos que voltar a viver nada parecido.
A nível pessoal, este foi um ano difícil de adjectivar, cheio de sentimentos contraditórios e momentos inesquecíveis. Ser mãe pela primeira vez é tão abrumador que muitas vezes me senti perdida e alienada na minha maternidade. Consciente do que se passava lá fora, mas incapaz de abstrair-me do profundo enamoramento em que me encontrava.
Lembro-me que quando a pandemia estalou, caiam-me lágrimas cada vez que diziam nas noticias o número diário de mortos. Mas depois disso, desligava a televisão e voltava para a embriaguez deste novo amor, para uma descoberta contínua, um namoro meloso, as siestas abraçados, horas na maminha, gargalhadas e beijinhos; mas também para o cansaço recorrente, as noites em branco, e algumas vezes também, para a solidão da maternidade. Essa de que pouco se fala.
No fundo, assistir ao galopante crescimento e desenvolvimento do Tom, foi a única coisa maravilhosa de 2020.
Ao fazer esta retrospectiva, penso que não tem sentido enumerar qualquer outro episódio mais feliz que possa ter vivido; e vivi seguramente. Mas acho que este não foi um ano para celebrar vitórias pessoais, foi um ano para aprendermos a cuidar de um todo, a cuidar do próximo e da nossa comunidade. Quero acreditar que depois destes doze meses, muitxs de nós nos tornámos um bocadinho mais solidárixs e conscientes, e aprendemos a valorizar o que realmente importa.
2020 foi um ano para nos fazer reflectir, repensar, relativizar e reinventar.
Para mim, foi também o ano em que o meu bebé se tornou menino, o ano em que fiz 40 anos e em que pela primeira vez senti o peso da vida adulta, senti a responsabilidade das consequências das minhas decisões. E talvez como muita gente, cheguei à conclusão que é preciso ter um plano B e estar sempre preparado para qualquer mudança; nada é seguro nem garantido.
Agora, apenas desejo um 2021 cheio de saúde para todos.
E mando um abraço forte a quem acompanha o Palavras na Barriga e as minhas aventuras deste lado da Península.
Feliz Ano Novo!
Depois dos quarenta, vc amadurece e vê a vida com outros olhos acredito!!!! 2020 foi um ano de reflexão e sabedoria, acredito!!!! No entanto, 2020 foi mostrado o quanto o ser Humano é cruel em termos de ambição…nem a pandemia amoleceu o coração desses políticos corruptos, pessoas más que só pensam em dinheiro!!!! Milhares de pessoas fizeram quarenta anos em 2020…o estranho é que 2020 ficará marcado também daqui a quarenta anos em termos de lembranças boas e ruins!!!! Em alguma coisa boa teve no ano de 2020!!!! Feliz ano novo para todos!!!! obrigado!!!!
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