
Há umas semanas fomos pela primeira vez a uma biblioteca municipal com o Tom. Para quem acompanha os meus posts aqui no blog e no instagram, não é novidade que ele adora livros e discos. Então tentem imaginar a carinha laroca de felicidade, quando entrou na biblioteca e viu aquele sem fim de livros. Os olhos brilharam e o sorriso rasgou-se num misto de espanto e profundo deslumbre!
Fizemos o seu cartão de sócio e ele vibrou de alegria quando lhe dissemos que podia escolher vários livros e trazer para casa. Passámos mais de duas horas a desfolhar, a contar histórias, sentados a observar como tirava cada livro das estantes, via a capa, os desenhos e voltava a arrumar.
As bibliotecas do nosso bairro têm uma zona só com livros infantis, totalmente adaptada para que as crianças possam aceder com facilidade, mexer, sentar-se a ler e escolher o que lhes apetecer. Têm também cds e dvds que se podem levar para casa. A partir de agora, assim como temos o dia da pizza, ou o dia de descer até à praia, passámos a ter também todas as semanas, o dia da biblioteca. É um ótimo programa para fazer com crianças.
O contacto com livros é essencial na primeira infância, diria mesmo que é essencial desde que nascem. Para recém-nascidos há livros com desenhos e formas a preto e branco, que estimulam a visão. Para bebés existem os livros de tela e existem também estes livros indestrutíveis, à prova de mastigação e não tóxicos, que eu recomendo totalmente. O Tom recebeu um quando era bebé e foi o livro preferido dele durante meses, onde quer que fossemos tínhamos que o levar.
Estimular o gosto pela leitura nas crianças não é tão complicado, acho que o primeiro passo é dar o exemplo. Pais que lêem, terão muito provavelmente, filhos que também vão ter curiosidade em pegar num livro. Não acredito que se tenha que obrigar as crianças a ler, nem apresentar a leitura como um opositor à televisão. Isso provavelmente fará com que a vejam como uma obrigação ou um castigo e não como um prazer. Muitas vezes não nos damos conta, mas cultivar a leitura e o amor pelos livros dá às crianças uma vantagem competitiva, para se habituarem a ser confrontadas com novas ideias, pensar sobre as mesmas e conseguir processá-las de forma mais rápida.
O Tom desde cedo mostrou curiosidade por livros e se lhe perguntamos se quer ver uns desenhos animados na tv ou ler uma história, até agora optou sempre pela historia. Mas nem todas as crianças são assim, e não há qualquer problema. Cabe-nos a nós como pais e adultos, apresentar a leitura como mais uma atividade lúdica. Assim como vê tv, brinca com os legos, os carrinhos e anda de trotinete, também haverá um momento em que se lê um livro.
Pode-se começar por adormecer com uma história para integrar a leitura na nossa rotina; as crianças precisam e adoram rotinas quando são pequenas, e é uma forma de criar mais um vínculo entre o adulto e a criança, ao ter uma atividade que fazem juntos sempre à mesma hora.
Uma boa estratégia para estimular o contacto com os livros é ter um espaço acolhedor, onde a criança possa criar o seu próprio mundo de leitura. Nós pusemos uma colchoneta e umas almofadas junto às estantes do quarto do Tom. Convida qualquer um a sentar-se e quando entramos no quarto é sempre ali que estamos mais cómodos.
Tentamos sempre mostrar interesse pelos livros escolhidos por ele, fazer perguntas e surpreender-nos com as diferentes respostas. É importante que a criança sinta que pode partilhar algo connosco e ser ela a contar-nos a história.
O Tom quase sempre quer repetir o mesmo livro vezes sem conta, acho que a sensação de poder antecipar o momento seguinte na história transmite-lhe segurança e dá-lhe um enorme prazer poder mostrar-nos que há coisas que já sabe.
Às vezes trazemos as personagens dos livros para o dia a dia, inventamos jogos com elas, integramo-las na nossa rotina. Usamos também apps e plataformas digitais que complementam os livros, com um código QR pode-se ouvir as canções ou as histórias no telemóvel. Sinceramente penso que todos os recursos são válidos, para estimular e alimentar o amor pelos livros.
Nós aqui em casa temos livros espalhados por todo o lado. Começou por ser o Tom a deixá-los pelo caminho e num determinado momentos também nós os deixámos de arrumar. Funcionam como meio de distração quando precisamos que se foque ou que se tranquilize. Se estamos na cozinha e precisamos de despachar o jantar, ele pode estar sentado à mesa a ler. Se estamos a tentar sair de casa com pressa e ele não quer calçar os ténis, há sempre um livro por perto que lhe desperta o interesse. Enfim, cada um sabe o que funciona com o seu filhe. Com o Tom, os livros são companheiros e sempre um motivo de entretenimento.
Em casa dos meus pais sempre se ofereceu livros. Eu sempre recebi livros, independentemente de também receber outros presentes. E com o Tom adoptamos o mesmo sistema. De vez em quando vamos a uma livraria e deixamo-lo escolher um livro. Ou aparecemos de surpresa com algum diferente, com páginas despegáveis, ilustrações bonitas ou com música. Oferecer livros é também uma forma de conectar com os outros, partilhar histórias que gostámos de ler.
E no que diz respeito às crianças, penso que é quando são pequeninas e têm a imaginação fértil, a criatividade em bruto e uma liberdade totalmente descomplexada, que é a melhor altura para os deixar viajar na fantasia de um bom livro.



