Vintage is not dead! [Está mais vivo que nunca!]

A moda é cíclica, vai e volta e o que um dia já foi uma tendência, e depois deixou de ser; (não se sabe bem como) acaba sempre por voltar a estar na ‘berra’. 

Isto do vintage, é um amor antigo! Mas quando eu era mais nova não lhe chamávamos vintage, chamávamos “coisas em segunda-mão”. 

Lembro-me que desde pequena delirava com todos os objetos antigos da minha família: as roupas 60’s e 70’s que os meus pais tinham guardadas; as malas de pele e os chapéus, os vinilos a tocar no giradiscos ao fim-de-semana, os slides no projector, os aparadores de pernas fininhas e as louças floridas dos meus avós, as estantes cobertas de livros antigos por toda a casa; etc etc etc

Na adolescência comprava roupa na Feira da Ladra, na Madame Bettencourt e na Outra Face da Lua; inspirada por uma época que não vivi, lia livros da geração beat e ouvia música de cantores de intervenção. Por isso compreendo perfeitamente esta moda do vintage, este culto pelas coisas antigas, cheias de história e com um encanto tão diferente do das coisas modernas.  

A palavra deriva do francês ‘vendenge’ , que por sua vez vem da palavra latina vindemia; no português atual traduzir-se-ia como safra ou colheita; fazendo a palavra original referência ao vinho. Basicamente é uma palavra que serve para catalogar coisas antigas, que não têm ainda os anos suficientes para serem consideradas antiguidades. 

Há no entanto, muitas vezes, alguma confusão entre o retro e o vintage; eu sinceramente gosto dos dois e acho que há espaço para ambos, na medida do bom gosto. Vintage é o que é antigo, que foi desenhado e fabricado na época a que corresponde o seu estilo; e que tem sempre uma componente estética. Não basta ser velho para ser vintage! Por outro lado, o retro é algo que nos lembra o passado, mas que normalmente é recente e apenas possui um ‘design’ de outra época. 

Barcelona é uma cidade super vintage, em todos os sentidos; por exemplo arquitetonicamente falando, cuida muito bem dos seus edifícios e mantém o glamour próprio do antigamente. Há também muitas opções de lojas de roupa e decoração, mobiliário e adereços; o que faz com que esta ‘moda’ se difunda e seja mais acessível a nível económico. 

A cereja no topo do bolo é uma prática semanal, que é uma das particularidades que mais me fascina em Barcelona. Falo do ‘dia de los trastos’, é um dia determinado pela Camara Municipal, em que podemos pôr na rua tudo o que já não queremos ter em casa. É um dia diferente em cada bairro da cidade e pode-se encontrar verdadeiras relíquias pelas ruas! 

Para mim, mais do que nos desfazermos das coisas é também um acto de generosidade, de partilha e de consciência de como devem funcionar as sociedades. Se eu tenho algo que já não quero ou preciso, vou deixar disponível para quem precisa ou quer. Parece-me um pensamento bastante lógico. 

Em minha casa tenho várias coisas que trouxe da rua e também já partilhei com outros, muitos objectos que já não precisava. 

Há alguns meses um dos meus vizinhos remodelou a casa e decidiu deitar fora rigorosamente tudo o que tinha, para comprar mobílias do IKEA. Vá-se lá compreender estas pessoas! Desta vez nem precisei de sair à rua, fui diretamente ao 2º andar e trouxe para o ático tudo o que me apeteceu!

E sim, o meu vizinho era “vintage” e para minha alegria, também todos os seus móveis…    

    
    
    
 

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