Esta é, para mim, uma das frases mais bonitas e mais lógicas de sempre e há alguns dias atrás tatuei-a no meu braço.
Hoje escrevo sobre tatuagens, sobre as minhas e sobre o que penso e sinto por esta arte, cada vez mais presente no mundo atual.
Este é um post que requer alguma sensibilidade para ser escrito, porque tenho dois queridos leitores a quem este tema impressiona especialmente. Falo dos meus pais, que sempre me apoiaram em tudo, menos nisto. E que mesmo sem compreenderem o porquê de me tatuar, respeitam as minhas decisões, ainda que fiquem com pele de galinha ao imaginar a sua caçula nestas andanças.
Existem provas arqueológicas que afirmam que no Egipto entre 4000 e 2000 a.C já se faziam tatuagens; assim como nos rituais religiosos da Polinésia, Filipinas e Nova Zelandia. A palavra tatuagem tem a sua origem nas línguas polinésias, vem da palavra ‘tatau’ que era basicamente o som do martelo a bater em ossos finos, que funcionavam como agulhas e que introduziam a tinta na pele.
Os primeiros a trazerem a tatuagem para o ocidente foram os marinheiros, que mais tarde associados ao contrabando e pirataria, fizeram com que as tatuagens começassem a ser mal vistas pela sociedade da altura. Também não ajudou o facto da Igreja católica ter banido da Europa a tatuagem, na idade média; por ser considerada uma prática demoníaca. E em 1879, o governo de Inglaterra adoptou a tatuagem como um meio de identificação de criminosos, fazendo com que a partir daí ganhasse totalmente uma conotação negativa no ocidente.
Eu desde miúda que gosto de tatuagens, lembro-me que aos 15 anos quando fui fazer um curso de inglês a Edimburgo, fiquei um mês na casa de uma família cujo pai; um escocês dos seus 35 anos, tinha os braços completamente tatuados. Eu achei brutal!! 🙂
Aos poucos as artes urbanas começaram-me a atrair cada vez mais, mas também por questões culturais nunca me atrevi a tatuar. Na verdade, sempre soube que o queria fazer, mas sempre achei que o devia fazer com um propósito e não apenas por uma questão estética. As tatuagens são uma forma de expressão, de liberdade estética e de afirmação da nossa personalidade. As minhas contam histórias, contam a minha história e mesmo que para mais ninguém faça sentido; fá-lo para mim. Estar tatuada não muda a pessoa que sou, e quero ajudar a construir uma sociedade menos preconceituosa, onde as pessoas são valorizadas pelo seu carácter e pelas suas capacidades, e não pelo seu aspecto. Para as gerações futuras as tatuagens serão algo perfeitamente normal, por isso mais do que nunca devemos ensinar os nossos filhos a trabalhar o seu interior, as suas relações, solidarizar-se com o seu semelhante, mantendo a ambição sem nunca perder a humildade.
Barcelona teve uma grande responsabilidade na minha decisão, e aqui me tatuei pela primeira vez aos 31 anos, uma decisão consciente e pensada, sem influencia de modas, fases ou amigos. Viver numa sociedade mais tolerante e cosmopolita fez-me ver que as limitações estão principalmente na nossa cabeça.
A primeira tatuagem foi dedicada à maior das minhas paixões: viajar. E foi feita com a minha irmã; uma experiência com aquela pessoa que não escolhemos, mas que a vida nos presenteou e nos ensinou a amar incondicionalmente. A segunda foi dedicada aos meus pais, que são os meus pilares; o meu exemplo a seguir como pessoas, pais, seres humanos e casal. São verdadeiramente excepcionais e sem modéstia nenhuma digo que tenho muitíssima sorte por ter nascido nesta família. A terceira é uma tatuagem bastante artística, e 100% de acordo com o que sou e com a forma como vejo a vida. Com vários elementos muito bem trabalhados, mantive a estética tradicional “old school” que adoro e quis também explorar a combinação das cores. Voltei a tatuar no estúdio Malandragem&Saudade com a Chiara, que compreendeu perfeitamente a minha ideia e transformou em desenho o que eu levava na cabeça. Super profissionais e com todas as condições e requisitos de um grande estúdio de tatuagens, a Chiara fez mais uma obra de arte no meu braço.
“Si quieres escribir viaja, si quieres viajar lee”, faz todo o sentido e tatuei em castelhano porque é a língua do país que escolhi para viver; e vir para Barcelona foi sem dúvida a grande viagem da minha vida!
Concordo com tudo o que escreveste e a tattoo ficou linda!
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